Por Lívia Melo
A cultura retrata a diversidade de um povo formado por expressões, regras, normas, religiões, costumes, hábitos e crenças reproduzidas entre gerações por meio de construção de linguagem, portanto a partir da comunicação oral, escrita ou ainda pela imitação. A produção da linguagem atribui significados aos fatores raciais étnicos e comportamentais que unificam valores culturais dentro de uma sociedade. Na obra "Imagens de Controle" de Winnie Bueno é exibida a tradução sobre um dos conceitos de Patrícia Collins tratando - se da visibilidade do negro e as questões raciais. Discute assim, imagem representativas de mulheres negras, entre elas a da Mammys no clássico “E o Vento Levou” que reforça a construção da representatividade do negro na sociedade refletindo as condições que ele ocupa perante o sistema na atual situação racial brasileira. Nessa mesma linha Winnie Bueno destaca a ideia de (COLLINS, 2004, p.33) sobre a reprodução ideológica da mídia de massa na imagem de controle forjada dentro da própria mídia. Seja no jornalismo ou no entretenimento a cultura midiática é pensada de forma coletiva que sustenta a ideia de refletirmos sobre quem são as pessoas por traz das linhas editoriais, qual a ideologia incutida através da elaboração de um texto jornalístico e para qual tipo de público essa mensagem será direcionada, tais questionamentos são as construções das identidades sociais trabalhadas através das representações ideológicas do discurso midiático.
Historicamente a representação popular do homem e da mulher negra na sociedade brasileira vem estereotipada na manipulação ideológica induzida, coagida ou sugerida racista da elite proliferando o racismo. O negro é privado de sua palavra, sua voz e colocado em desvantagem sem o seu direito participativo de cidadania e liberdade. A reprodução de mensagens subliminares através das novelas, programas de TV, música, internet e outros cria – se modelos de discursos ideológicos que geram arquétipos e atuam como controle social. Ao vermos Tia Anastácia na literatura de Monteiro Lobato, a “nega do cabelo duro que não gosta de pentear” num clássico da axé music, casa grande e senzala na história do Brasil, o termo pejorativo “macumbeiro” na religiosidade notamos os modelos discriminatórios e afirmativos da presença forte do racismo que simbolizam e atribuem sentidos de valores. Na luta pela igualdade temos a filha da ex – escrava e lavadeira Antonieta de Barros, nascida em 11 de julho de 1901 em Florianópolis, foi um marco nas lutas e conquistas da educação para todos, emancipação da mulher e valorização da cultura negra marcada pelo combate as questões raciais. Fundadora e diretora do Jornal A semana em épocas que a mulher não tinha livre expressão, contestou através de suas crônicas a condição feminina e o preconceito contrariando o discurso dos elitistas sobre o negro. Antonieta foi a primeira Deputada Estadual Negra na história do Brasil, suas ideias foram compiladas na obra Farrapos de Ideais (1937) retratando a alma feminina e salientando a imagem da mulher a uma "boneca - bibelot" de todos os tempos. Ela sofreu um apagamento histórico que foi resgatado no final dos anos 90 pela ex- Senadora Ideli Salvatti. Juliana Domingos de Lima através do site UOL na coluna ECOA do dia 13 de março de 2021 mostra um pouco dessa trajetória. Outro exemplo de discriminação mais atual sofreu a atriz Cláudia Protásio ao filmar cenas de um filme no pátio do Comando Geral do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.
Na reportagem do Fantástico de Giuliana Girardi vinculada ao canal do youtube no dia 01 de dezembro de 2019, Cacau chora ao relembrar os insultos sofridos após as gravações pelos membros da corporação que remetem aos crimes de racismo, gordofobia e homofobia. A reportagem mostra que na época do acontecimento com a atriz o jornalista Sérgio Nascimento é nomeado novo Presidente da Fundação Palmares. Sérgio polemiza sua chegada em destacar que a escravidão beneficia os descendentes de negros no Brasil, a atriz Claudia Protásio rebate no decorrer da entrevista questionando como o negro pode se sentir feliz sendo tratado de forma desumana, açoitado, descriminado e visto com indiferença até os dias atuais, reforçando que ela não se sente representada por ele. A postura do jornalista levou a Diretora Executiva da Anistia Internacional Brasil Jurema Werneck se pronunciar e mostrar que pensar como Sérgio é não combater o racismo e deixar ele ser criado sem freio. A lei de crime ao racismo é a lei n° 7.716/89 aprovada em 1989, já a lei de igualdade racial esta prevista na lei 12.288 de 21 de julho de 2010 que impede a discriminação racial no país, com punição judicial e programas sociais de conscientização. A visão massiva da mídia evidencia um critério do belo ser magro, olhos claros, cabelo liso desrespeitando as qualidades do negro. Uma das simbologias de representatividade da negritude esta na representação do cabelo Black Power, nas trancinhas, a cabeça raspada e os turbantes, formas impares de demonstrar a cultura africana, porém o olhar pejorativo sustenta o pensamento racista que segue dominante dentro da sociedade que se diz moderna, aderindo menor valor e agregando forma preconceituosa as qualidades ligadas ao negro.
Mas como seria possível trabalhar o preconceito e combater a desigualdade entre negros e brancos atribuindo condições e oportunidades aos negros? São necessárias políticas públicas que divida as responsabilidades com o município, estado e governo. Produzir mais Trabalhos de valorização a cultura negra aderindo ações que diminuam a desigualdade social. Incentivar e apoiar programas que produzam projetos com um ciclo funcional e seqüencial. È necessário dar continuidade ao que se esta sendo colocado em prática assim é possível uma melhoria na valorização da cultura negra e o combate a desigualdade social no país.
REFERÊNCIAS:
BUENO, Winnie. Imagens de Controle: Um conceito do pensamento de Patrícia Hill Collins. Porto Alegre: Editora Zouk, 2020.
Sites
https://pt.wikipedia.org/wiki/Antonieta_de_Barros
https://globoplay.globo.com/v/8070302
https://player.mais.uol.com.br/?mediaId=15664579&type=video
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