Antes da critica sobre o filme é necessário entendermos o conceito básico do termo racismo. É uma forma de preconceito e discriminação através de sua raça. Muita gente conhece a sua origem através da discriminação que os portugueses fizeram com os povos africanos, tudo por conta da cor de sua pele (raça). Infelizmente, essa discriminação perdura até os dias atuais e esse é apenas um dos temas importantes que a curta metragem vista minha pele vai retratar, só que de uma forma um pouco diferente.
A curta metragem tem 26 minutos e 45 segundos de duração, uma trilha sonora acompanhada pelo músico Bukasa Kabengele e como diretor Joel Zito Araujo. É uma historia que aborda uma inversão da realidade ou de papeis, basicamente os negros são opressores e os brancos que foram escravizados. É importante ressaltar que esse curta metragem é usada para métodos pedagógicos, tendo mais relação na área de humanas. A distopia apresentada não tem intenção de difamar ou desonrar toda uma linhagem de lutas, sofrimento e direito a liberdade dos povos africanos, e sim mostrar o ponto de vista de uma garota jovem, branca, suburbana e oprimida que queria ter todos os privilégios que na nossa realidade é costumeiro que teria.
A protagonista Maria que tem pele branca é apresentada como uma garota pobre e bolsista de um colégio particular, chegando aos meados das festas juninas ela deseja participar de uma competição cultural Miss festa Junina de sua escola, Entretanto, todo ano a Suely, a garota negra mais popular da escola costuma ganhar a competição e nenhuma branca jamais ousou desafia lá. O roteiro de vista minha pele mostrou ser impecável, pois em um curto período de tempo apresentou uma diversidade de tópicos importantíssimos que representam o nosso Brasil. A demonstração da competição entre as colegas torna-se um paralelo quando o roteirista aborda a primeira observação, a apropriação cultural de maneira naturalizada, representando que na nossa realidade é exatamente isso que acontece, pois a mídia há muito tempo adota elementos específicos para entendermos que aquilo é comum e divertido, nos dando também uma ideia de racismo estrutural, pois a protagonista está a todo momento usando tranças no cabelo e é perceptível a intenção que ela tem de se sentir parecida com seus colegas negros.
Até os planos de cenário apresentados no curta tem uma significância, a casa de Maria e a de Laura sua amiga negra de classe alta, são totalmente diferentes, o diretor de fotografia utilizou a psicologia das cores para mostrar ao publico a diferença de realidade, a casa de Maria apresenta cores mais frias e um cenário muito úmido, já a casa de Laura tem cores mais quentes, coloridas, um olhar de conforto, aconchego e felicidade transbordante. Isso ajudou muito a entendermos um pouco dessa diferença social. O Enquadramento de cada cena ajudou a nos aproximarmos dos sentimos negativos e positivos do personagem fazendo com que estejamos mais próximos dela. Toda vez que Maria se deslocava a pé da casa até a escola, o fotografo mostra com seus enquadramentos, o geral, médio e inteiro a percepção de Maria. Todos esses ângulos foram bem posicionados sem incomodar quando passava o take. Voltando para o roteiro outra cena bastante comum no Brasil é a evasão escolar e quem são os mais atingidos disso, os jovens sem muita opção preferem largar os estudos e trabalhar para ajudar a família e a sua própria sobrevivência. Estudar se torna um caminho mais distante para essas pessoas que no curta a grande maioria é a comunidade branca, que tem como pejorativo a dificuldade de estudar e assimilar conteúdo, já que eles têm uma vida sofrida. Saindo do paralelo essa é a vivencia da grande maioria da população negra no Brasil.
Como nenhuma produção é perfeita, vista minha pele apresenta alguns erros que podem ser considerados horrendos a primeira observação, primeiramente com a atuação fraquíssima de alguns personagens, deixando o diálogo em certos momentos cansativos e previsíveis. Por ultimo, a distopia apresentada como dito no inicio da resenha o diretor não apresenta intenções de causar discórdia para o publico, tanto é que ele é livre de criticas nesse referencial, a sua abordagem não é mostrar o que aconteceria se os negros fossem os opressores e sim os fatores de desigualdade sentidos na pele e a sua consequência para a formação de uma minoria. Diante mão a esses erros a produção foi excelente na linguagem construída e de como a imagem foi abordada de forma coloquial, simplória, representativa e de fácil entendimento, já que a todo o momento entendemos que a trama da historia é mostrar o pensamento que cada classe social tem sobre seus “diferentes”. Foi cuidadosa na abordagem no tema que passa uma significância para o publico, tanto é que sua grande maioria são os jovens acadêmicos e os docentes.
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