Por: Gabriel Conceição
Disponível no catálogo da Netflix, “Pose” é mais uma produção
dos diretores e roteiristas Ryan Murphy e Brad Falchuk. A série é ambientada no
final da década de 1980 e resgata o cenário dos bailes LGBTQ+ de Nova York,
símbolos de arte, luta e resistência. Com figurinos e cenários bem datados da
época, Murphy utiliza a cultura pop como ferramenta para contar história. A
escolha para esse contexto, no entanto, volta-se para um público bem
específico, embora o drama que os permeia seja universal.
A história retratada é a estimada – e antiga – trama de
superação com personagens cativantes que fisgam o público assim que aparecem.
Narrada em capítulos que abordam questões tangentes à comunidade LGBTQ+ da
época, “Pose” conduz o público à imersão nesse universo e a desenvolver empatia
pelos personagens. O que torna a série ainda mais cativante é o fato de que os
personagens principais são compostos por atrizes transexuais, homens negros e
homossexuais.
O estilo de filmagem do diretor, ajuda os telespectadores a
se aprofundar na trama. Com um quadro de filmagem bem amplo, que permite pegar
o mínimo detalhe, seja em um quarto pequeno de uma casa simples ou em um salão
de baile com mais de 100 pessoas vestindo roupas brilhantes, a irmersão se
torna algo imperceptível.
A primeira cena de Pose é alucinante tanto no ritmo quanto na
quantidade de informações. Liderado por Mama, um grupo rouba acessórios de
roupas da realeza para serem usadas em um concurso de desfile de moda temática.
Na tela, são 10 minutos entre o planejamento, o corre-corre da operação e o
momento triunfal do desfile. Tudo de um fôlego só, com mil referências à década
de 1980 das cores à trilha sonora, que é algo fenomenal na série. A trilha
sempre vai remeter o tempo o ritmo de bailes e danças da era “Vogue”.
Os cortes de cenas tornam a
trama mais envolventes, mesmo que haja histórias distintas dentro da série, um
elemento sempre acaba ligando uma a outras, até porque os personagens sempre
estarão interligados emocionalmente.
Outro elemento crucial que a série traz são as cores
utilizadas nas tomadas. Quando o foco não está nos bailes cintilantes e se concentra
na vida de Stan Bowes, um homem branco casado, com duas e um bom emprego, mas
que está cansado de sua vida monótona, as cores elementais na cena se tornan
frias, com tons de cinza, bege e marrom claro.
Em contraponto, quando o foco e o baile e vida das pessoas
que fazem parte do universo LGBT, as corea se tornam vivas. Até mesmo quando o
personagem conhece e se envolve com a protagonista transexual, Angel, as cores
ao ser redor ficam mais vivas, em tons de vermelho e azul.
Contudo, a série é um espetáculo visual, o que condiz com o
seu sucesso mundial atravéz da plataforma streaming. Seus elementos
cinematográficos são um ponto forte juntamente com a trama dos personagens, que
são únicos e ferozes. “Pose” se tornou um marco para comunidade.
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